"" Bíblia sagrada: junho 2017

Fenômeno religioso.

Estudo sobre a o fenômeno religioso.


A religião, como fenômeno humano, está presente na história de todos os povos ao longo de todos os tempos. Essa presença, longe de ser secundária, estruturou — e ainda estrutura — culturas, sendo-lhes geradora de sentido e plausibilidade. Exatamente por isso, a religião vem sendo estudada pelas mais diversas expressões da ciência, sobretudo das ciências humanas e sociais. Dentre essas, queremos destacar algumas: teologia, apologética, fenomenologia e filosofia. Sem dúvida, ao longo da História foram essas expressões da ciência que de forma mais contundente se debruçaram sobre o estudo do fenômeno religioso.

A filosofia da religião, como expressão crítica da reflexão humana sobre o fenômeno religioso, norteia-se por um conjunto de pressupostos. Identificar adequadamente esses pressupostos é fundamental para que seu discurso não se confunda com o discurso religioso em si, aquele que é feito pelo fiel — a quem estamos chamando de Homo religiosus. Sem pretender apresentar uma lista exaustiva de pressupostos para a reflexão filosófica acerca do fenômeno religioso, passamos à exposição de alguns que julgamos fundamentais:

Teologia: 

Estuda os fatos da experiência que são interpretados em forma de doutrina. “Como ciência, a teologia parte do dado da fé; por isso, pretende falar a partir de Deus, a partir da relação que ele estabelece com o ser humano.”1 A teologia como ciência utiliza os dados da fé (da revelação), mas se fundamenta na razão: seu ponto de partida é a fé, mas seu método é racional.

Apologética: 

Demonstra que determinada perspectiva (doutrina) da teologia é a verdade. Defende a veracidade daquilo que é crido em determinada denominação e expresso num código ou declaração doutrinária. “Algumas pessoas fazem distinção entre apologética positiva, que se propõe a provar a verdade do cristianismo, e apologética negativa, que apenas procura remover as barreiras à fé respondendo às críticas.”

Fenomenologia da religião: 

Estuda os fatos religiosos com base em sua intencionalidade e pergunta pelo significado do fato religioso para o Homo religiosus.3 “A fenomenologia parte necessariamente dos fenômenos religiosos (fatos, testemunhos, documentos), contudo explora especificamente seu sentido, sua significação para o ser humano específico que expressou ou expressa esses mesmos fenômenos religiosos.”


Filosofia da religião: 

Estuda as origens e o conteúdo dos fatos da experiência. Analisa a religião propriamente dita em suas relações com outras fases da vida. A filosofia da religião preocupa-se com o Absoluto, não como encontro com ele, nem como Deus, mas como o Ser e o fundamento da realidade. A filosofia da religião, como expressão do saber humano, muitas vezes estimulada pela racionalidade crítica, fala de Deus e do ser humano religioso. É um saber construído com base na reflexão autônoma, não um compromisso de fé. Por isso, não substitui o ato religioso, mas reflete criticamente a respeito dele.

Os princípios para uma boa pregação


Como fazer uma boa pregação. 




Os princípio teológico


a)      A Bíblia é diferente dos demais livros ( II Tm 3:16).
b)      É necessário que o intérprete tenha o Espírito Santo dentro de si, para poder interpretar corretamente a Palavra de Deus ( I Co 2:14).
c)      Precisamos entender as doutrinas ensinadas na Bíblia, à luz de outras passagens, e o ensino global da Palavra de Deus.

O princípio gramatical

a)      O significado das palavras é importante para o intérprete. Etimologia, História.
b)      Que tipo de literatura você está pesquisando? É literal ou figurativa? É texto descritivo ou prescritivo?

O princípio histórico

a)      Quem é o autor do texto? Em que circunstâncias escreveu? Para quem escreveu? Qual a condição espiritual dos destinatários?
b)      Qual o fundo histórico do texto?

O princípio homilético

a)      Qual a aplicação do texto à situação contemporânea?
b)      Antes de aplicar o texto, você precisa interpretá-lo corretamente.
c)      Faça a aplicação à sua própria vida (viver e pregar são formas de aplicar a palavra de Deus à contemporaneidade).

SERMÕES



Existem várias maneiras de se classificar um sermão, isto em virtude dos vários critérios que são usados, como por exemplo:

-         O conteúdo (assunto);
-         A estrutura (esboço);
-         O método (apresentação).

A maneira mais simples e eficiente que a maioria dos homiletas adotam é:

a)        Sermão temático;
b)        Sermão textual;
c)        Sermão expositivo.

Destes originam-se todos os demais sermões possíveis, que sejam:

-         Biográficos;
-         Éticos;
-         Analíticos;
-         Doutrinários;
-         Evangelísticos;
-         Edificação.


Sermão temático


O sermão temático é aquele que origina-se com o assunto, tanto divisões como subdivisões derivam de um tema e independem do texto.
            Ao examinarmos cuidadosamente esta definição, percebemos três verdades básicas:

-         Primeira ( começa com um assunto);
-         Segunda ( divisões e subdivisões derivam de um tema);
-         Terceira ( independe de um texto)

Exemplo: “Ter uma visão correta de Cristo é essencial ao seu viver”.

1)      O que você mais deseja:

a)      Saúde;
b)      Paz;
c)      Dinheiro.

2)      O que você mais precisa:

a)      Um Cristo Poderoso (II Co 5:17) ;
b)      Um Cristo alegre (Jo 10:10b);
c)      Um Cristo amigo ( Jo 15:14-15 a).

Outros assuntos

a)      O amor de Jesus;
b)      As lágrimas de Jesus;
c)      Como ser um crente que cresce;
d)      O fundamento do lar cristão.



Sugestões

-         “Satanás, nosso arqui-inimigo”.

a)      Sua origem ( Ez 28: 12-17);
b)      Sua queda ( Is 14:12-15);
c)      Seu poder ( Ef 6:11; Lc 11:14-18);
d)      Seu destino ( Mt 25:41).

-         “A Bíblia é a Palavra de Deus”.

a)      A Bíblia nunca passará;
b)      A Bíblia tem um propósito eterno;
c)      A Bíblia é divinamente inspirada;
d)      A Bíblia está completa.

-         “O testemunho do crente”.

a)      Com sal a palavra deve ser temperada ( Cl 4:6);
b)      Em santificação devemos saber usar nosso corpo ( I Ts 4:4);
c)      O procedimento tem que ser exemplar ( I Pe 2:12).

·        Cuidado! O sermão temático é  que dá mais liberdade ao pregador, e isto pode levá-lo facilmente a fugir do tema, ou usar textos fora do contexto.

-         Texto: não tem, é o assunto;
-         Divisão: está no assunto;
-         Subdivisão: está no assunto.

Sermão textual

            O sermão textual é aquele que origina-se de um texto relativamente breve, as divisões principais estão dentro do texto, e você tem liberdade nas suas subdivisões, desde que não fuja do contexto, ou seja:

-         O sermão textual começa com um texto;
-         As divisões principais estão dentro deste texto;
-         Você tem liberdade nas subdivisões.

Exemplo: “O que a igreja possuía que vale mais que a prata e o ouro”. ( At 3:1-10)

1)      Ela possuía devoção (3:1)

a)      Na freqüência ao templo (At 2:46);
b)      No temor de Deus (At 2:43);
c)      No louvor a Deus (At 2:47);
d)      Ao anunciar o evangelho (At 4:20).

2)      Ela possuía união (3:4)

a)      Na doutrina dos apóstolos (At 2:42);
b)      Na proximidade uns dos outros (At 2:44);
c)      No coração e na alma (At 4:32).

3)      Ela possuía poder (3:6)

a)      Para sensibilizar (At 2:37);
b)      Para realizar prodígios (At 2:43);
c)      Para testemunhar de Cristo (At 4:33).

4)      Ela possuía ação (3:7)

a)      Ajudando aos necessitados (At 4:34);
b)      Sendo simpática ao povo (At 2:47);
c)      Enviando missionários (At 13:1-2).

Atenção! As divisões principais são verdades sugeridas do próprio texto.

Sugestões


-         “A magnitude de Deus é perceptível”.

1)      Através da pequinês de uma criança (8:2);
2)      Através da imensidão do universo (8:3);
3)      Através do domínio que deu ao homem (8:4-8).

Não esqueça!
-         A divisão está no texto;
-         As subdivisões: livres, desde que não fujam do assunto (contexto).

Sermão Expositivo

            Surge de um texto mais ou menos extenso, derivando-se deste texto tanto as divisões como as subdivisões, ou seja:

-         O sermão expositivo começa com um texto;
-         Este texto é um pouco extenso;
-         Tanto divisões como subdivisões são tiradas diretamente deste texto.

Exemplo: “Ninguém fugirá ao crivo do ungido de Deus”(Sl 2).

1)      A tendência natural do homem em rebelar-se contra Deus (2:1-3).

a)      Sentem-se raivosos (2:1);
b)      Imaginam coisas vãs (2:1);
c)      Conspiram contra o próprio Deus (2:2);
d)      Querem viver como se não existisse Deus (2:3).

2)      A soberania absoluta de Deus (2:4-5).

a)      O Senhor tem controle de toda situação (2:4).
b)      O Senhor, na hora certa, vai se comunicar (2:5).
c)      O Senhor, no devido tempo, derramará sua ira (2:5).

3)      Jesus Cristo como Rei dos reis (2:6-9)

a)      Deus constituiu o seu rei (2:6);
b)      Este rei é seu filho Jesus (2:7);
c)      Jesus tem toda a autoridade (2:8-9).

4)      O homem precisa ter uma relação pessoal com este rei (2:10-11).

a)      A prudência como virtude maior (2:10);
b)      O serviço em obediência (2:11);
c)      A alegria com respeito (2:11).

Não esqueça: As divisões e subdivisões estão no texto.

O sermão expositivo é o mais eficaz, porque mais do que todos os outros tipos de sermões, ele vai produzindo, com o passar do tempo, uma igreja doutrinariamente sólida.
Jesus adverte: “Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”(Mt 22:29).

Quer Aprender mais sobre pregação e ainda se tornar um grande teólogo? Então não deixe de assistir esse vídeo e vai mudar sua VIDA.




Estudo sobre os historiadores da igreja

                        OS HISTORIADORES DA IGREJA



Eusébio de Cesaréia (260-340). Escreveu sua História Eclesiástica onde apresenta a história da Igreja desde seu início até 324. A sua Crônica começa com Abraão e vai a 323. Deu estrutura cronológica para toda a história medieval. Escreveu a Vida de Constantino onde louva o imperador. Foi acusado de ser  semi-ariano.

Socrates. Nasce em Constantinopla e escreveu a história da Igreja de 305 até 439. É um autor não  crítico, ignorava a Igreja no oeste. Ele apresenta uma coleção inestimável de dados e documentos.

Sozomen. Foi criado em Gaza mas viveu em Constantinopla após 406. Apresenta a história de 323 a   439. Foi educado para ser monge. Dá destaque ao monarquismo em detrimento de outros dados como a  verdadeira filosofia cristã. A biografia é a principal força de sua história.

                        Os "Teólogos" da Igreja


Atanásio(298-373) Assistiu o Concílio de Nicéia, mas aparentemente não foi um grande luminário lá.
                
Após a morte de Cirilo, Atanásio foi eleito bispo de Alexandria em 328. Durante seu bispado foi exilado 5  vezes por Constantino e seus sucessores. Sua força se tornou tão grande, que os últimos dois mandatos do exílio não podiam ser cumpridos. Nesse período a ortodoxia nicena já havia triunfado sobre o     arianismo. Sua vida pode ser dividida em 3 etapas: Antes de Nicéia até 325; luta contra o arianismo    325-361 e período de vitória da ortodoxia, 361-373

João Crisóstomo (345-407). foi um grande expositor e orador. Ao princípio advogou segundo seu treino   em direito. Após seu batismo em 368 se tornou monge. Com a morte da sua mãe em 374 seguiu uma vida  extremamente ascética até 380. foi ordenado em 386 e se tornou patriarca de Constantinopla em 398. Foi   banido em 404 por ter denunciado as vestimenta extravagantes da imperatriz, bem como a colocação de   uma estatueta dela em prata na Igreja ao lado de Santa Sofia. Morreu no exílio em 407. Ainda existem    604 dos seus sermões. A leitura destes sermões mostra a força da sua pregação sem o acréscimo da   personalidade de seu autor. A grande maioria destes sermões versam sobre as epístolas de Paulo.
               
Procurava levar em consideração o contexto e aplicar aos dias dele o sentido literal do texto.

Teodoro de Mopsuéstia (350-428). Foi príncipe dos exegetas da antiguidade. em contraste com os   alexandrinos, ele com Crisóstomo procuravam proclamar o sentido natural do texto. Foi defensor, pelo   menos em parte, de Nestório. Defendeu insistentemente a integridade da humanidade de Cristo.

Basílio de Cesaréia (329-379) foi instalado na sé de Cesareia em 370. Logo em seguida começou uma   série de negociações teológicas, primeiro com Atanásio e depois com o papa Dâmaso para promover a     reunião das igrejas cismadas pela controvérsia sobre a Trindade. Graças a sua obra de organizador e    legislador criou uma nova concepção da instituição monástica. Colocou como ideal o quadro dos cristãos  em Jerusalém (At:2-4) e destacou daí a obediência ao superior.

Gregório de Nissa (331-395). Irmão mais novo de Basílio, foi um estudante da Bíblia e de Orígenes. Foi   eleito bispo em 371. Tornou-se o defensor mais avançado do credo de Nicéia. Foi o primeiro a procurar  estabelecer por considerações racionais a totalidade das doutrinas ortodoxas. A filosofia se tornou uma auxiliadora da teologia. Embora divergiu de Orígenes, especialmente em cosmologia, na maior parte   aceitou o ensino deste no que podia acomodá-lo à fé explícita da Igreja.

Gregório de Nazianso (330-390). Foi eleito bispo em 372, junto com os dois anteriores, procurou   reconciliar as 2 proposições de Atanásio: a identidade de essência entre Pai e Filho com a distinção de  pessoalidade entre Pai e Filho. Os 2 Gregório também procuravam salvar a reputação de Orígenes para a   ortodoxia. Assim adotaram a doutrina de Orígenes que rezava que o Logos uniu-se com a natureza   sensível pela mediação de uma alma humana racional. Acrescentaram que o Logos tomou todas as partes   da natureza humana em comunhão consigo e as permeava.

Jerônimo (347-419). Foi o autor da Vulgata que ele insistiu traduzir do grego (NT) e hebraico (AT), salvo   os Salmos que já foram traduzidos da Setuaginta (LXX). Jerônimo introduziu dois outros elementos à   Igreja ocidental que tiveram grandes repercussões lá. Introduziu a vida ascética a Europa ocidental. A   importância disto só pode ser avaliada à luz da forma que a Igreja toma na Europa medieval. Introduziu     também Orígenes ao Oeste. Por causa de uma tradução tendenciosa por parte de Rufino, Jerônimo fez  uma tradução ao pé da letra de Orígenes. Mais tarde ficou embaraçado de ter seu nome ligado a   Orígenes. Condenou a doutrina deste, mas sempre admirou seu estilo de escritor. Além de suas traduções  da Bíblia e de Orígenes, Jerônimo é famoso por seus comentários nas Escrituras. Seu primeiro (388) comentário foi sobre Eclesiástes, seguido no mesmo ano por Gálatas, Efésios e Tito. Três anos depois   publicou um sobre 5 dos profetas menores. De 397 até 419 completou os profetas menores, bem como    Jonas, Daniel, Isaias, Ezequiel e Jeremias. E do NT apenas Mateus.

Ambrósio de Milão (340-397). Foi um grande administrador eclesiástico; pregador e teólogo. Foi a   pregação de Ambrósio que trouxe Agostinho ao evangelho. Era governador imperial da área ao redor de   Milão quando o bispo da cidade morreu em 374. O povo unanimemente queria que Ambrósio aceitasse     ser bispo. Crendo ser isto a vontade de Deus, renunciou ao seu cargo político, distribuiu seus bens aos   pobres e, após sua eleição, iniciou um estudo intensivo das Escrituras. Foi um grande pregador apesar de  sua exposição ser desfigurada pela interpretação alegórica das Escrituras. Resistiu ao imperador  Teodósio, não permitindo-o participar da Ceia até que humilde e publicamente se arrependesse do  massacre dos tessalonicenses. Aparentemente foi Ambrósio que introduziu o cantar de hinos na Igreja  Ocidental.


Aprenda mais sobre o que é teologia



Estudo da inspiração plena e verbal das Escrituras

Cremos na inspiração plena e verbal das Escrituras.




Cremos que, na redação dos manuscritos originais, o Espírito Santo guiou os autores até na escolha das expressões, em todas as páginas das Escrituras, sem, portanto, anular suas personalidades. “Usou-os precisamente como eram, com seu caráter e temperamento, com seus dons e talentos, com sua instrução e cultura, com seu vocabulário, dicção, e estilo; iluminando-lhes a mente, incitou-os a escrever; reprimiu a influência do pecado sobre sua atividade literária, e guiou-os na escolha de suas palavras e nas expressões de seus sentimentos”.


Dessa inspiração plena e verbal decorre necessariamente a infalibilidade da Bíblia. Essa infalibilidade se refere aos autógrafos (escritos originais) da Bíblia. Esta é a posição evangélica e um dos fatores que nos distingue de outras igrejas cristãs.


a) Inspiração plena – significa que a inspiração abrange a Bíblia toda e sem nenhuma restrição. É o que afirmam os autores sagrados: “toda Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3:16). Veja também 1 Ts 2:13; Ap 19:9; 21:5; 22:6, 18-19.


b) Inspiração verbal – uma inspiração plena deve ser até sobre as palavras. As palavras são inseparáveis da mensagem. Seu conteúdo não pode ser expresso sem palavras. Para expressar uma idéia sem erro, deve-se escolher muito cuidadosamente as palavras correspondentes.


“Quando examinamos como os autores do Novo Testamento fizeram uso do Antigo Testamento, às vezes encontramos indicação de que eles consideravam significativos cada palavra, sílaba e sinal de pontuação. Por vezes, todo o argumento baseia-se num pequeno ponto no texto que estão consultando. Por exemplo, em Mateus 22:32, a citação que Jesus faz de Êxodo 3:6, “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”, o argumento depende do tempo do verbo, que o leva à conclusão: “Ele não é Deus de mortos e sim de vivos”. No versículo 44, a base do argumento está num sufixo possessivo: “Disse o Senhor ao meu Senhor”. 


Neste caso, Jesus diz expressamente que quando Davi falou essas palavras, estava inspirado “pelo Espírito”. Aparentemente, Davi foi levado pelo Espírito a usar as formas específicas que usou, mesmo em detalhes tão minúsculos como o possessivo em “meu Senhor””.


Isso não quer dizer que os autores foram utilizados para fazer um ditado mecânico. Deus adaptava completamente Sua atividade inspiradora ao estado de espírito, à perspectiva, ao temperamento, aos interesses, aos hábitos literários e às particularidades de estilo de cada autor.


As Escrituras têm uma linguagem humana, mas seus ensinos são divinos. As Escrituras são ao mesmo tempo divinas e humanas, da mesma forma que Jesus Cristo era ao mesmo tempo Deus e homem.


Ø A inspiração faz com que a Bíblia tenha duas naturezas: por um lado, é a Palavra de Deus, e ao mesmo tempo, tem um componente humano que reflete a linguagem humana, a maneira de pensar humana, estilos literários e personalidades humanas. A sua natureza humana não implica que contém erros.


Falsas teorias da inspiração da Bíblia que devemos reconhecer e rejeitar:



a) Inspiração natural ou da intuição – Esta teoria defende que a Bíblia é apenas um livro humano notável, sem inspiração divina ou talento sobrenatural, no mesmo nível que muitas outras obras literárias. Essa teoria, na realidade, nega a verdadeira inspiração. Na exaltação dos autores humanos desse livro notável a divindade é excluída. É a expressão da incredulidade.


b) A Bíblia é apenas parcialmente inspirada por Deus:
* Conceitual - A inspiração foi apenas sobre os pensamentos do autor sacro, e não sobre as palavras dos seus escritos. No entanto, os pensamentos são expressos através de palavras.


* Apenas os ensinamentos morais e espirituais da Bíblia seriam inspirados (os relatos históricos não). – Haveria inexatidões (erros), lendas e noções julgadas falsas de acordo com nossas idéias modernas. Se uma testemunha (autor bíblico) usa uma linguagem errada, enganosa ou ignorante sobre um detalhe, seria difícil crer que ele diz a verdade com respeito ao restante.


* A Bíblia contém, mas não é a Palavra de Deus. De acordo com alguns teólogos, a Bíblia contém muitos mitos, lendas e erros. Para outros, a Bíblia não passa de “um testemunho dado à revelação”, e essa última se expressa através das contradições do texto. 


O teólogo Rudolph Bultmann se esforça para tirar todos os mitos do texto bíblico, a fim de conservar a essência do Evangelho, o “kerygma”. (O que ele eliminou: a pré-existência de Cristo; seu nascimento milagroso; sua divindade; seus milagres; sua morte substitutiva na cruz; sua ressurreição e a dos crentes; sua ascensão; seu retorno em glória; o julgamento final do mundo; a existência de espíritos bons e maus; a personalidade e o poder do Espírito Santo; a doutrina da trindade; a morte como consequência do pecado; a doutrina do pecado original, etc.) Depois de haver “desmistificado” a Bíblia, o que é que resta do “essencial do Evangelho”? 


Quem é que pode decidir o que é e o que não é inspirado se os dois estão misturados no mesmo texto? Esses teólogos nos dizem que a Bíblia não passa de uma palavra humana, mas que Deus pode fazer com que ela se torne Sua Palavra quando Ele nos dirige uma mensagem através dela.


* Somente Cristo é a “Palavra de Deus”- A Bíblia é apenas um eco incompleto de Jesus. O problema é que nós não podemos conhecer Jesus Cristo senão através da Bíblia. A Bíblia mesma não cessa de afirmar que ela é a Palavra de Deus.


c) A Bíblia seria um livro apenas divino, tendo sido ditada mecanicamente aos homens – O autor sagrado seria totalmente passivo, registrando e transmitindo a revelação como o faria hoje um gravador de fita magnética ou o teclado de um computador. 


Sua personalidade teria sido completamente colocada de lado, a fim de que o texto seja puro, sem qualquer elemento falível e humano. (Foi dessa maneira que o Alcorão foi supostamente dado a Maomé.) Um ditado mecânico teria produzido uma uniformidade completa de todas as páginas da Bíblia, o que está muito longe de ser o que verificamos. Constatamos, ao contrário, que Deus não anulou de forma alguma a personalidade dos autores. Podemos reconhecer seus estilos, temperamentos e sentimentos pessoais.


É verdade que certas passagens são ditados diretos ou ensinamentos exatos das palavras ditas por Deus. Porém, nesse caso isso é claramente mencionado (Ap 19:9; 2:5 ou os dez mandamentos). A inspiração não é mecânica, mas orgânica; não é mágica, mas divinamente natural; não um ditado morto, mas uma Palavra viva produzida pelo Espírito.


O Evangelho consiste precisamente no fato de que Cristo, na Sua perfeição, é ao mesmo tempo Deus e homem, da mesma forma como a Bíblia inteiramente inspirada é ao mesmo tempo produzida por Deus e pelo homem.


d) Os autores bíblicos eram homens cheios do Espírito e a sua inspiração era a mesma que todos os cristãos têm hoje. Isso é uma confusão com a iluminação, que veremos a seguir.
Hoje em dia, ninguém pode reivindicar a mesma inspiração divina da qual os homens que redigiram os livros da Bíblia beneficiaram.


Estudo sobre Relações entre filosofia e religião

Relações entre filosofia e religião: uma primeira conclusão Segundo Martin Buber: A religião, mesmo que o “Incriado” não seja expresso com...